terça-feira, 27 de setembro de 2016

Cantora: “RECEITA E MODO DE PREPARO”

Por Valéria Nancí*

Tal qual um bolo, uma torta, um salgado, uma guloseima qualquer, há quem acredite que uma cantora se faz com ingredientes pré-definidos. É engraçado isso: uma porção disso, uma pitada daquilo, mede daqui, peneira de lá, bate tudo, põe na forma, coloca no forno e pluft: surge uma artista! Em verdade, pode acontecer, mas daí a ser receita disputada “são outros quinhentos”.


Foto: http://www.monicasalmaso.mus.br/

Certa feita ouvi a Mônica Salmaso comentar que, no início de sua carreira, um empresário sedento por “criar uma cantora de sucesso”, a ela deu a receita em porcentagens para que seguisse “ao pé da letra”- receita que aqui “gourmetizo em porções”:
- 500g dessa cantora
- 150g daquela outra.
- Acrescente um CD, dividido em cubinhos sabor: “musiquinhas-internacionais-pra-fazer-a-linha-globalizada”; “musiquinhas-de-sua-autoria-para-parecer-cult”, “musiquinhas-pop-já-que-até-o-papa-é-pop” (avisei que ía gourmetizar – risos!).

É fato que todos nós, sem exceção, precisamos de alguém para nos ajudar em início de carreira. Pois bem, mas eu falei A-J-U-D-A-R, e não, F-A-B-R-I-C-A-R.

Se o que se pretendia, da parte dele, era um SIM para a produção de uma cantora estilo bolo-de-embalagem-vendido-em-mercadinho, o que conseguiu foi um sonoro NÃO de uma cantora estilo bolo-quentinho-da-casa-da-vovó.

Taxada de “europeia demais” pelo tal “mestre-cuca-mecanizado”, preferiu seguir seus instintos, andando devagarinho, mas pisando firme.

Foto: http://www.monicasalmaso.mus.br/


Mônica é Brasil, foi aqui que fincou sua bandeira e, a plenos pulmões, cantou AFRO SAMBAS de primeira. Fez dessa obra seu TRAMPOLIM: uma verdadeira VOADEIRA. Ah se IAIÁ pudesse ver a menina crescer, o que lhe diria? Talvez, “- Vai na fé que uma dia viverá NOITES DE GALA, SAMBA NA RUA, e não deixe que ninguém no mundo lhe diga mais NEM 1 AI. Você é grande e sabe o caminho. Segue a intuição de sua ALMA LÍRICA e viva a vida como um eterno CORPO DE BAILE”.

10 CDS, 2 DVDs, vencedora por 2 vezes do PRÊMIO DA MÚSICA BRASILEIRA como melhor cantora, dentre tantos outros triunfos, já revelam algo, não? Acho que o sucesso da Mônica (eu disse SUCESSO e não FAMA) se deve a algum sussurro que o poeta Fernando Pessoa - utilizando-se de um de seus heterônimos (Ricardo Reis) - tenha lhe dado ao pé do ouvido n’algum lugar dizendo-lhe: “Segue o teu destino, rega as tuas plantas, ama as tuas rosas, o resto é a sombra de árvores alheias”.

Foto: http://www.blognotasmusicais.com.br/2015/06/juri-do-26-premio-da-musica-brasileira.html

Ah! Se eu pudesse encontrar esse “chef” num lugar qualquer por aí, eu lhe diria: " - Nem sempre receitas prontas dão certo! UM DIA O BOLO PODE SOLAR!".

*Valéria Nancí é geógrafa, publicitária,escritora, louca por música, aficcionada por capas de discos, mestre em Desenho, doutoranda em Cultura e pesquisadora da obra de Mônica Salmaso!
Instagram: @valeriananci
E-mail: valeriananci@ig.com.br
Blog pessoal: valeriananci.blogspot.com.br

  

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Orfeu da Conceição - 60 anos

O álbum Orfeu da Conceição, o primeiro com músicas da dupla Tom Jobim e Vinicius de Moraes, completa 60 anos e, para celebrar este marco da MPB, Mônica Salmaso, Sergio Santos e a Grande Banda, realizam no Sesc Santo André uma nova leitura das obras que compõem o álbum, também serão apresentadas parte da trilha sonora do filme. Os ingressos podem ser adquiridos no link:
www.sescsp.org.br/programacao/103217_ORFEU+DA+CONCEICAO+60+ANOS
#serauproducoes #sesc #orfeudaconceicao #mpb

Fonte: Facebook Serau Produções




domingo, 18 de setembro de 2016

Turnê "Corpo de Baile" - edição Recife (PE)

Por Valéria Nancí

Pré-show: ensaio e descontração
Fonte: Carla Assis (produção)

Pós-show com músicos de Recife: Spok Frevo Orquestra e Marco César (Bandolim)
Fonte: Carla Assis (produção)

*Valéria Nancí é geógrafa, publicitária,escritora, louca por música, aficcionada por capas de discos, mestre em Desenho, doutoranda em Cultura e pesquisadora da obra de Mônica Salmaso!
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sábado, 17 de setembro de 2016

Raridade: Mônica Salmaso cantando em inglês - programa "Por Acaso" (2009)

Por Valéria Nancí*

No ano de 2009 José Maurício Machline entrevistou em seu programa "POR ACASO", da TVE, a cantora Mônica Salmaso e o músico Rodrigo Rodrigues. Desse encontro ficou um registro raríssimo e delicioso: Mônica cantando em inglês.

 

Entrevista completa: https://www.youtube.com/watch?v=gWXQJeCO6Kc


*Valéria Nancí é geógrafa, publicitária,escritora, louca por música, aficcionada por capas de discos, mestre em Desenho, doutoranda em Cultura e pesquisadora da obra de Mônica Salmaso!
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sexta-feira, 16 de setembro de 2016

1º DISCO: Afro-Sambas. Uma breve análise fonográfica e capista

Por Valéria Nancí

“O CD Afro-Sambas - 1995 traz consigo um dos trabalhos mais significativos da música popular brasileira: os Afro-sambas de Vinícius de Moraes e Baden Powell (de 1962). Esta é uma obra - uma espécie de musical – baseada na mitologia afro-baiana, onde os cantos e ritos dos orixás foram contados através de sambas de roda, pontos de candomblé e toques de berimbau. Mônica a gravou e, junto com Paulo Belinati, deu sofisticação à mesma.


Neste disco compreende-se que sua capa tem uma representação direta daquilo que se julga querer expressar. É o chamado STUDIUM (já descrito por Roland Barthes em "A Câmara Clara"), pois o mar contido na fotografia retrata Iemanjá (um dos Orixás) e a roupa branca de Mônica (e de seu violonista), expressam a cor mais representativa do candomblé. Entende-se, neste caso, que a temática (baseada na mitologia “afro-baiana”, onde os cantos e ritos dos orixás fossem contados através de sambas de roda, pontos de candomblé e toques de berimbau) está expressa através de sua forma visual na capa deste disco, através da fotografia em questão”*.
*Trecho extraído do Memorial de Projeto Experimental “RETRATOS MUSICAIS: A FOTOGRAFIA COMO FORMA DE EXPRESSÃO DA PRIMEIRA ARTE (em foco a obra da cantora Mônica Salmaso)”, de minha autoria, apresentado na conclusão do curso de Publicidade e Propaganda (UNEF – BA), 2009.
REPERTÓRIO
1. CONSOLAÇÃO Baden Powell & Viniciu s de Moraes
2. LABAREDA Baden Powell & Vinicius de Moraes
3. TRISTEZA E SOLIDÃO Baden Powell & Vinicius de Moraes
4. CANTO DE OSSANHA Baden Powell & Vinicius de Moraes
5. CANTO DE XANGÔ Baden Powell & Vinicius de Moraes
6. BOCOCHÊ Baden Powell & Vinicius de Moraes
7. CANTO DE IEMANJÁ Baden Powell & Vinicius de Moraes
8. TEMPO DE AMOR Baden Powell & Vinicius de Moraes
9. CANTO DE PEDRA-PRETA Baden Powell & Vinicius de Moraes
10. LAMENTO DE EXÚ Baden Powell & Vinicius de Moraes
11. CORDÃO DE OURO / BERIMBAU Paulo Bellinati / B. Powell & V. de Moraes

*Valéria Nancí é geógrafa, publicitária,escritora, louca por música, aficcionada por capas de discos, mestre em Desenho, doutoranda em Cultura e pesquisadora da obra de Mônica Salmaso!
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sábado, 10 de setembro de 2016

Mônica Salmaso e Paula Santoro no Sesc Belenzinho

Por Valéria Nancí

Sobre a noite de São Paulo, 09 de setembro de 2016.


Noite fria no inverno cinzento da cidade de concreto. Na agenda um compromisso inadiável: participação da Mônica Salmaso no show da Paula Santoro. Sim: queria ver a Mônica de novo após o mega sucesso da passagem da sua turnê Corpo de Baile em Salvador!

Era pra ser mais um simples encontro meu com o inquestionável amor que tenho pela arte da Mônica: era apenas mais uma conexão Salvador-São Paulo como as outras que já vivi. Entretanto, havia conhecido dois jornalistas e uma publicitária de Aracaju nos dias que antecediam o show, no maior congresso de comunicação do país: o INTERCOM NACIONAL (na Universidade de São Paulo). Três pessoas bacanas, com um gosto que casava com o meu, mas que não conheciam o trabalho dela: resolvi convidá-los para ir comigo ao SESC BELENZINHO [ou SESC BEM LONGINHO (risos) como se fala por aqui], local da apresentação. Disse-lhes que achava que gostariam do que iriam presenciar, mas cuidei para não fazer muito alarde, pois como li outro dia nesses livros de teóricos de gente inteligente (risos), Schopenhauer em COMO VENCER UM DEBATE SEM PRECISAR TER RAZÃO dizia sobre a questão de gosto: “Prefiro crer e julgar por mim mesmo”; “Argumento dirigido ao sentimento de honra”. Sábio Schopenhauer e sábios novos amigos que fiz por Sampa e que toparam essa parada.

Um lindo show se anunciava: Paula Santoro na voz, com Rafael Vernet no piano e direção musical, Daniel Santiago no violão, Bruno Migotto no contrabaixo, Edu Ribeiro na bateria. Uma bela apresentação da Paula e seus músicos lançando o seu novo CD “Metal na Madeira”. Porém, vou revelar: eu estava mega ansiosa para a entrada da Mônica. De certa forma, para mim era uma responsabilidade, sabe?! Levar pessoas para apresentar o trabalho de quem a gente admira pode soar um fanatismo fugaz. Depois relaxei um pouco, afinal acho que 16 anos de contato com sua obra já é bastante tempo para eu afirmar que de fugaz e de fanatismo isso não tem nada: sabia que no final iria conseguir que a sua voz conquistasse mais três admiradores, aqueles famosos mais “três tijolinhos”, postos um sobre o outro, colados firmemente com uma massa de cimento, com os quais ela sempre afirmara querer construir sua carreira, paulatinamente, de modo consolidado – e, olha, nessa brincadeira essa construção tá virando um “lindo-castelo-de-conto-de-fadas-daqueles-que-chegam-a-tocar-no-céu”, viu?!.


Bom, vamos ao que interessa: show começando e o “Metal na Madeira” dando seu recado – a Paula apresentando, de um modo bem seu, o disco novo. Lembro de ter conhecido a Paula no Festival da Cultura em 2005 – no qual a Mônica também participou, fazendo a abertura, cantando acompanhada da Orquestra Popular de Câmara de São Paulo.

Histórias à parte, quando a Mônica entrou no palco ontem eu nem respirei (risos) para que meus mais novos amigos da comunicação pudessem ouvir com plenitude seu canto. Posso falar?! Outro dia lhe ouvi dizer em entrevista que a Nana Caymmi tem a voz de Catedral (e tem!!!), mas e a sua, hein dona Mônica?!: tem a “voz-de-catedrais-de-um-Vaticano-inteiro” (risos).

Participante que era, cantou, a princípio, apenas três canções (belíssimas por sinal), mas eu não perguntava aos meus convidados o que haviam achado do que assistiam. Preferi deixar para o final. Só posso adiantar que assim que saiu do palco, da primeira vez, foi bastante aplaudida. Ao findar a apresentação principal, a Paula Santoro lhe convidou para o retorno ao palco, e a plateia logo pediu o bis das duas numa música linda de nome “Dorival Pescador” - a qual ambas haviam feito durante a primeira passagem da Mônica no palco. Em seguida cantaram mais uma canção e concluíram a apresentação sendo bastante aclamadas.

ACABOU! E AGORA?! VOU PERGUNTAR AOS COLEGAS SERGIPANOS SUAS OPINIÕES... NÃO PRECISOU! VI SEUS OLHOS BRILHAREM! ENCANTADOS QUE ESTAVAM ME DISSERAM: 1- “- Que voz linda”!; 2-“ - Gente!!! Ela não faz força pra cantar”; 3- “- Vou procurar coisas sobre ela na internet quando chegar em casa” (em casa entenda-se o hostel onde estamos hospedados).

NOSSA! QUE ORGULHO SENTI! JURO! É SENSACIONAL! UMA MEGA SATISFAÇÃO! E, OLHEM: PREPAREM AS OLARIAS - VEM MAIS TIJOLINHOS POR AÍ!!!

Após o show, revelo umas curiosidades:

1- Dois dos novos fãs sergipanos que a Mônica prospectou ontem revelaram ter se arrepiado (assim como eu) em vários momentos em que ela entoava as canções.

2- Ainda ontem, por volta de meia-noite e pouco, dois deles sentaram no banco de entrada do hostel, e boquiabertos disseram que estavam pilhados/maravilhados e que não conseguiriam dormir daquele jeito - pediram uma pizza!

3- Hoje pela manhã, uma delas revelou para mim que passou parte da madrugada buscando nos “googles da vida” materiais sobre a Mônica; e o outro disse-me que ficaria dias ouvindo sua voz rodando na mente, e que quando quisesse sentir paz era ela que ele ouviria dali por diante - AGORA PENSE AÍ: QUE AFAGO NO CORAÇÃO ESSA SALMASO TRAZ, HEIN?!!!.

Estou aqui escrevendo/descrevendo, terminando esse texto, e imaginando: “Quando a Mônica ler isso como será que se sentirá?!" - saber que é possível fazer tanto bem aos outros com o que oferece é grandiosamente DIVINO!

A verdade é que o que era pra ser só uma participação transformou-se em continuidade de sua belíssima construção cheia de ternura!

TRAZ MAIS UM TIJOLINHO AÍ, POR FAVOR!!!

*Valéria Nancí é geógrafa, publicitária,escritora, louca por música, aficcionada por capas de discos, mestre em Desenho, doutoranda em Cultura e pesquisadora da obra de Mônica Salmaso!
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